"Vive dentro de nós sob as aparências mais misteriosas; determina nossos sonhos e devaneios; é o vento enfunando nossas velas, é nossa vida transfigurada.
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Todos nós sabemos que imaginamos. Se não o fizéssemos nossas vidas seriam demasiado reais. Tão logo a algazarra da vida se vai esvaindo, mesmo que por alguns poucos minutos, redescobrimos esta companheira secreta. Nossa imaginação toma o leme, instalando-se sutil e gentilmente, tirando proveito dessa inércia momentânea, desse retorno ao eu, para erguer as cortinas invisíveis dentro de nós. Ela nos põe diante de um palco no qual se situa o ator. Esse ator somos nós mesmos. O palco e a platéia são uma coisa só. Baseando-nos numa miscelânea da realidade, nas coisas com que nos deparamos todos os dias, em nossos amigos, nos homens ou mulheres que desejamos, entramos em outro mundo.
Todos nós sabemos que imaginamos. Se não o fizéssemos nossas vidas seriam demasiado reais. Tão logo a algazarra da vida se vai esvaindo, mesmo que por alguns poucos minutos, redescobrimos esta companheira secreta. Nossa imaginação toma o leme, instalando-se sutil e gentilmente, tirando proveito dessa inércia momentânea, desse retorno ao eu, para erguer as cortinas invisíveis dentro de nós. Ela nos põe diante de um palco no qual se situa o ator. Esse ator somos nós mesmos. O palco e a platéia são uma coisa só. Baseando-nos numa miscelânea da realidade, nas coisas com que nos deparamos todos os dias, em nossos amigos, nos homens ou mulheres que desejamos, entramos em outro mundo.
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Tentando parecer informais, alguns de nós avançamos um pouco além disso, e procuramos fazer os outros partilharem as imagens, os sons e as histórias que fluem por nosso intermédio. Denominando-nos narradores profissionais, organizamos nossa porção nômade que devaneia, colocamo-la para trabalhar, tratamo-la com dureza, devastamo-la: um tratamento que envolve tanto ódios quanto amores."
Tentando parecer informais, alguns de nós avançamos um pouco além disso, e procuramos fazer os outros partilharem as imagens, os sons e as histórias que fluem por nosso intermédio. Denominando-nos narradores profissionais, organizamos nossa porção nômade que devaneia, colocamo-la para trabalhar, tratamo-la com dureza, devastamo-la: um tratamento que envolve tanto ódios quanto amores."
A linguagem secreta do cinema.
3 comments:
Tive de ler esse texto três vezes para entende-lo... De qualquer maneira, fica uma "pergunta":
A imaginação é nossa vida transfigurada ou a imaginação é nossa vida transfigurando?
O autor se refere a imaginação como um universo paralelo... onde podemos ver a vida já transformada.
..onde podemos ver no que nos transformar. Abrir o leque, misturar tintas, realidades. Alcançar o inédito. Criar, criar-mo-nos.
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