Wednesday, December 20, 2006

O desejo
não precisa da
perfeição de corpos.
A ele basta
a inspiração dos sexos
que o realizam.
Eixos harmônicos
que se encaixam
e se integram formando
um ser único.


Hoje resolvi me desfazer de escritos medíocres, de roteiros pequenos, de sonhos menores. Eu os repassei reconhecendo o tempo como o ordenador do meu eu e a necessidade que tinha de absorve-lo através dos meus registros, de tocar a realidade. Despida disso, quero viver de sonhos livres de pequenez, de escritos inspirados em vozes de um coração pleno, talvez restritos a um mundo de fantasia e mistérios... sobre o qual só eu posso dizer.


Monday, November 20, 2006

Um sonho quase real

Depois que nos vimos
ele me tomou por inteira
permaneci assim ainda por alguns dias
mesmo já longe dele

A sua presença estava
em cada esboço de sorriso meu
era uma alegria involuntária
me fazia feliz sem que eu pedisse

Envolvidos por uma espécie de campo magnético
estivemos protegidos de passado e futuro
nosso tempo era "o agora"

Naqueles instantes nada nos remetia
ao que fosse considerado errado ou feio... não!
Tudo era perfeitamente possível e belo,
um sonho.

O AMOR QUE HÁ

.
Em nome da paz que esse amor lhes traz, ela o negaria. Diria que nem mesmo existiu... o que não impediria sua alma de se sentir aquecida de novo. Isso se faria apenas pela poesia da lembrança. Nela estaria sintetizada toda beleza daqueles olhos brilhantes que refletiam os desejos das mãos, da boca, da pele... apenas.
.

Wednesday, November 01, 2006

Sou entre flor e nuvem, estrela e mar.
Porque havemos de ser
unicamente limitados em chorar?
Não encontro caminhos fáceis de andar
meu rosto vário desorienta as firmes pedras
que nõa sabem de água e de ar.
E por isso levito.
É bom deixar um pouco de ternura e encanto
diferente de herança,
em cada lugar.
Rastro de flor e estrela,
nuvem e mar.
Meu destino é mais longe
e meu passo mais rápido:
A sombra é que vai devagar.

(Cecília Meireles)

Monday, October 30, 2006

por quê?




"estou a me vir
e tu como é que
te tens por dentro?
porquê não te
vens também?"



Caetano

Monday, October 09, 2006

Preciso acordar mais cedo.
Quero por mais vezes ver nascer o sol,
voltar a pisar na areia da praia
tendo, agora, para os meus passos,
a companhia dos pequeninos pés do meu filho.
Sem pressa e de mãos dadas alcançaremos o mar
onde iremos nos banhar.
Quero, com ele ainda,correr na grama descalça
e quero me lançar ao chão
com a sensação de que serei
absorvida por uma superfície macia e confortável...
e o receberei em meus braços,
o que simplesmente nos fará sorrir.
Eu quero ficar numa eternidade vendo-o
absorver,admirar o mundo
e através de seus olhos brilhantes e negros
reafimar a maravilha de ainda estar viva.
Sob o calor do sol tomaremos sorvete
e lambuzados adoçaremos nossos beijos
conscientes de um amor imenso
transformado em felicidade,
que não se dissolve como açucar...
mas que é de infinita candura.

Roteiro da Retidão - primeiro e último capítulos.

1) A rota dita nunca/ é a rota que condiz/ o nome que a nomeia/ tampouco é o renomado/ se anônima é raiz/ de terra e céu/ nomeando-se é matriz/ dos seres mil/ quem nada anseia/ discerne o cerne/ ansiosos nada/ vêem fora o externo/ unidos que eram/ se nomes os desunem/ reúne-os serem/ obscuros e entre/ obscuridades/ tais é que se acha/ o umbral de todo/discernimento.
.
.
.

81) Verdades desagradam/ inverdades agradam/ o certo é inconvincente/ o convincente é incerto/ o culto não ostenta/ o ostentador é inculto/ quem sabe não o oculta/ quanto mais doe mais tem/ pois dividindo soma/ a rota celestial/ traz dita não desdita/ quem sabe atém-se à rota/ atuando sem atrito.

NELSON ASCHER .

Friday, September 29, 2006

ao som de Let It Be

No universo de nós dois
eu haveria de amá-lo
como naquela história
onde o corpo do outro
é descoberto
apenas pelo toque
De fato,
ainda que não pudesse ver,
eu saberia onde estariam
minhas roupas
para que minha saída
não fosse prolongada
para que eu te deixasse
como um instrumento musical
que acabara de ser tocado
que apesar da ausência das mãos
ainda prolonga o seu
som por algum tempo
nesse resquício de prazer
consistiria a nossa saudade
sempre me restaria a vontade
de vê-lo dormir
de transformar o calor
do meu e do seu corpo
em uma única energia
...sempre me restaria vontade

Tuesday, September 19, 2006

Tempos distantes

Sou de Bequimão. Sabe como se chama quem nasce nesse lugar? BequimÃOense... esse ÃO corresponde a uma grandeza que não pode ser medida da gente de lá. Uma grandeza que não pode ser retratada em suas ruas porque são estreitas demais, nem em suas escolas porque são poucas. Quando nasci, lá não havia hospital, nasci na casa dos meus avós, não havia médicos, nasci pelas mãos de "Mamãe Vitória", a parteira da cidade, nasci de uma menina Maria, que nada sabia da vida, que nada sabia do amor.
Eu fui aquela que teve dose dupla de amor materno, talvez venha daí a sorte que tenho. Mamei nos peitos da menina Maria, mamei nos peitos de minha vó... ganhei daquele leite a candura e deste outro a vitalidade. Diz minha mãe que não foi por muito tempo, exatos 3 meses, depois eu enjoei.
E quando falo da grandeza da gente de lá, digo porque minha mãe muito menina e pobre descobriu tarde que havia um filho ali naquela barriga, não sabia quando eu nasceria, não havia enxoval. Após meu nascimento, todos se mobilizaram para me doar coisas, todos foram solidários àquela vida nova.
Eu pequena demais, juntavam a meu corpo trouxinhas de panos, o que tornava mais fácil me segurar no colo. Segundo contam, eu tinha a medida exata do antebraço do meu pai. Mas com passar do tempo me tornei um bebê rechonchudo daqueles que todos querem pegar no colo – e assim o era.
Meu nome foi escolhido por meu pai, ele o achava bonito... Lidiane.

Eu tinha um sonho, vou te contar...

Hoje de madrugada lembrei-me de um sonho que tinha com muita freqüência quando criança.
Em meio a minha rua, na cidade onde nasci aparecia uma escada, fincada no chão não ficava apoiada em nada... eu podia ver seu início, mas não podia ver seu final. Ela ultrapassava o céu. Parecia um quadro de René Magritte. Eu subia, tinha um sentimento de curiosidade, mas eu a subia brincando e, às vezes, chegando em determinado degrau, eu pulava. O mais engraçado é que esses pulos sempre me faziam sorrir e não tinha um degrau determinado pra pular... podia ser perto do chão ou quase no céu.

Sunday, September 17, 2006


"Quero viver de modo a trabalhar com as mãos e o cérebro. Quero um jardim, uma pequena casa, grama, animais, livros, quadros música. E a partir disso tudo, para exprimi-lo, quero escrever.
Mas uma vida quente, ávida, viva ¿ enraizada na vida - para aprender, desejar, saber, sentir, pensar, agir. É o que desejo. Nada menos. É o que tenho de tentar."

K.Mansfield
.
.
.

"Eu sei
muito pouco,
mas tenho

ao meu favor
tudo o que

não sei."
.
.
.

Wednesday, September 13, 2006



Quem foi Lidiane?
Quem foram as muitas
Lidianes na História?
Quem é e quem será
essa Lidiane aí?
...
Um dia Lidiano
é um dia cheio
de contemplações!

Wednesday, September 06, 2006

a sombra de uma árvore


Embaixo de uma antiga árvore
De grande copa verde
Encostei meus pensamentos
Em busca de tranqüilidade
Em busca de calmos ventos
Embaixo da sombra dela
Um escuro com retalhos de luz
Cobria meu corpo
Deitada nas folhas secas
Abri os olhos e contemplei o céu azul
Por essas frestas agora distantes
Esse azul me trouxe um desejo
E sem pensar subi, subi sem parar
Lá na ponta apreciei o vento
Me senti balançar
Querendo esse azul alcançar
Sem medo de cair
Sem medo de voltar
De presente
Um riso a mim
o vento carregava
Ao tocar meu rosto
Sem pressa se espalhava
Por meus olhos, lábios, cabelos...
E minha alma inspirava

Thursday, August 31, 2006

A IMAGINAÇÃO




"Vive dentro de nós sob as aparências mais misteriosas; determina nossos sonhos e devaneios; é o vento enfunando nossas velas, é nossa vida transfigurada.
*
Todos nós sabemos que imaginamos. Se não o fizéssemos nossas vidas seriam demasiado reais. Tão logo a algazarra da vida se vai esvaindo, mesmo que por alguns poucos minutos, redescobrimos esta companheira secreta. Nossa imaginação toma o leme, instalando-se sutil e gentilmente, tirando proveito dessa inércia momentânea, desse retorno ao eu, para erguer as cortinas invisíveis dentro de nós. Ela nos põe diante de um palco no qual se situa o ator. Esse ator somos nós mesmos. O palco e a platéia são uma coisa só. Baseando-nos numa miscelânea da realidade, nas coisas com que nos deparamos todos os dias, em nossos amigos, nos homens ou mulheres que desejamos, entramos em outro mundo.
*
Tentando parecer informais, alguns de nós avançamos um pouco além disso, e procuramos fazer os outros partilharem as imagens, os sons e as histórias que fluem por nosso intermédio. Denominando-nos narradores profissionais, organizamos nossa porção nômade que devaneia, colocamo-la para trabalhar, tratamo-la com dureza, devastamo-la: um tratamento que envolve tanto ódios quanto amores."

A linguagem secreta do cinema.

Tuesday, August 29, 2006

A História de Lily Braun

Composição: Chico Buarque / Edu Lobo

Como num romance
O homem dos meus sonhos
Me apareceu no dancing
Era mais um
Só que num relance
Os seus olhos me chuparam
Feito um zoom
Ele me comia
Com aqueles olhos
De comer fotografia
Eu disse cheese
E de pose em pose
Fui perdendo a pose
Até sorrir feliz
E voltou
Me ofereceu um drinque
Me chamou de anjo azul
Minha visão foi desde então
Ficando flou
Como no cinema
Me levava as vezes
Uma rosa e um poema
Foco de luz
Eu feito uma gema
Me desmilinguindo toda
Ao som do blues
Abusou do scotch
Disse que meu corpo
Era só dele aquela noite
Eu disse please
Xale no decote
Disparei com as faces
Rubras e febris
E voltou
No derradeiro show
Com dez poemas e um buque
Eu disse adeus
Já vou com os meus
Numa turne
Como amar esposa
Disse ele que agora
Só me amava como esposa
Não como star
Me amassou as rosas
Me queimou as fotos
Me beijou no altar
Nunca mais romance
Nunca mais cinema
Nunca mais drinque no dancing
Nunca mais cheese
Nunca uma espelunca
Uma rosa nunca
Nunca mais feliz

Sunday, August 27, 2006

escapulário

"No pão-de-açúcar
De cada dia
Dai-nos, Senhor
A poesia de cada dia"

Friday, August 25, 2006

Tu me falara de uma
catarse que eu deveria viver...
De um choro
desesperado, doído
eu gritaria minha liberdade,
admitiria como minha a luz
que só tu podes ver em mim.
Mas pra isso tu deverias
estar ao meu lado,
de corpo e alma...
Do contrário a quem
mostraria o meu avesso,
só tu poderias
me ver nascer borboleta...
Meu corpo de lagarta
já contém todas as células
e todas as cores de borboleta.
Sou borboleta em potencial,
ainda não posso voar...
Mas o ímpeto de fazê-lo
está profudamente
entranhado
na minha essência
mais secreta.





Thursday, August 24, 2006



Ele me pede para que eu envie meus escritos. Resolvo de fato juntá-los, não são muitos, e entregá-los com muito cuidado, afinal sou eu ali em palavras... algumas digitalizadas, outras desenhadas por minhas próprias mãos. Neles estão contidas todas as minhas contradições e como uma maneira de tocar a realidade e eternizá-las, eu escrevi. Foram sentimentos transformados em palavras que jamais imaginei compartilhar com alguém... porque neles há a imagem do ser humano que eu sonhei, que eu amei e que eu odiei ser. Eles são como me olhar num espelho, onde posso ver todas as minhas faces. Meus escritos confirmam verdades e mentem por mim, dão voz a sofrimentos leves e peso algum ao que de fato importa. Eles mostram um emaranhado de frases numa cabeça latente que desenham um corpo frágil que diante de uma palavra pode se desfazer. Resolvi não enviá-los na minha total covardia.

Wednesday, August 23, 2006

“O homem, quando jovem, é só, apesar de suas múltiplas experiências. Ele pretende, nessa época, conformar a realidade com suas mãos, servindo-se dela, pois acredita que, ganhando o mundo, conseguirá ganhar-se a si próprio. Acontece, entretanto, que nascemos para o encontro com o outro, e não o seu domínio. Encontrá-lo é perdê-lo, é contemplá-lo na sua libérrima existência, é respeitá-lo e amá-lo na sua total e gratuita inutilidade. O começo da sabedoria consiste em perceber que temos e teremos as mãos vazias, na medida em que tenhamos ganho ou pretendamos ganhar o mundo. Neste momento, a solidão nos atravessa como um dardo. É meio-dia em nossa vida, e a face do outro nos contempla como um enigma. Feliz daquele que, ao meio-dia, se percebe em plena treva, pobre e nu. Este é o preço do encontro, do possível encontro com o outro. A construção de tal possibilidade passa a ser, desde então, o trabalho do homem que merece o seu nome.”

(De uma carta de Hélio Pellegrino.)

Tuesday, August 22, 2006

“A vida não tem ensaio
mas tem novas chances
Viva a burilação eterna, a possibilidade
o esmeril dos dissabores!
Abaixo o estéril arrependimento
a duração inútil dos rancores
Um brinde ao que está sempre nas nossas mãos:
a vida inédita pela frente
e a virgindade dos dias que virão!”

Eu vivo perdendo poesia



Eu vivo perdendo poesia
Ela vem como pluma ao vento
Encantada, esqueço de agarrá-la
Só vejo
Só sinto
... e lá se vai a poesia
Nem mãos
Nem papel
Nem caneta
Não há maneira de busca-la para a realidade
Algumas poesias só podem ficar nos sonhos


Monday, August 14, 2006

Como água para chocolate


... despojou-se de suas roupas, meteu-se debaixo do chuveiro, deixando que a água fria caísse sobre sua cabeça. Que alívio sentia! Com os olhos fechados as sensações se tornavam mais agudas, podia perceber cada gota de água fria percorendo-lhe o corpo. sentia os bicos dos seios ficando duros como pedras ao contato com a água. Outro fio de água descia por suas costas e depois caía em cascata na curvas de seus redondos e protuberantes glúteos, percorrendo as firmes pernas até os pés.

Monday, August 07, 2006

“ a nós, gente, só foi dada a maldita capacidade de transformar amor em nada”



Sabe aquela incerteza da qual falava?
Ela me pôs esperando afim de saber
o que é transitório e o que é estrutural em minha vida...
minha pressa tem se transformado aos poucos em consciência,
o que não me obriga a criar teorias sobre nada,
mas a entender o movimento do mundo e senti-lo
como algo que me faz crescer.
Você também pode ver:
o mundo perfeitinho e nós, homens,
estragamos todo esse estado de harmonia
nos permitindo ferir e matar,
justificando muitas vezes esses atos como prova de liberdade.
Alguém já disse que só na ilusão da liberdade, a liberdade existe.
Quem é livre sendo consciente de qualquer mal causado a outro?
Quem pode provar personalidade quando o sofrer
do outro está em jogo?
Há sim teorias modernas e perfeitas do tipo:
"só faço o que eu quero ou não tô nem aí pra ninguém."
Não sei se sorrio ou se choro diante de tanta
arrogância e prepotência...
e nessas horas, mais uma vez, estragamos tudo.
Foto: Marcelo Ribeiro

Saturday, August 05, 2006

Por favor, utilize a passarela!!!

Caminhava a passos largos subindo a passarela do Metrô do Maracanã, saindo da UERJ. Olhando para o lado e em direção ao chão, avisto um senhor quase sob a passarela atravessando a larga avenida. O movimento dos carros não é intenso, porém é constante. À medida que ele anda, eu também ando e acompanho seus passos inseguros... quase por completar a sua travessia, um carro o atinge e ele voa por sobre o vidro, parando imóvel no canteiro. Meu Deus! Eu corro e em tom aflito peço que alguém ligue para a ambulância. Um rapaz que caminhava em direção ao acidentado já o fazia. Desci correndo as escadas no intuito de ir ajudar, no entanto, parei no meio dela, acompanhando de longe a curiosidade dos transeuntes sobre o sofrimento daquele senhor. Meu Deus ajude-o, pedi internamente. Eu ainda imóvel, sem conseguir descer as escadas, tinha uma imensa vontade de chorar e gritar. Os minutos tornavam-se horas diante da espera por socorro.Ele havia morrido? Demorou de dez a quinze minutos o resgate, não sei precisamente. Mas pude acompanhar ainda o despertar daquele corpo imóvel, o senhor voltara a si, expressando uma dor que eu não sei descrever e de certa forma, aliviando a todos. Estava lá, do lado da vítima, o rapaz que dirigia o carro. Aflito e angustiado seguia a orientação dos guardas do Metrô que também foram ajudar, colocando o triâgulo de sinalização. O senhor que acabara de iniciar sua tarde, eram quase 13 horas, estava com suas duas pernas quebradas. Não pude ir embora sem que o tivessem colocado dentro da ambulância. Ficou pra mim o desejo de que eles se recuperem, um do trauma psicológico e o outro do trauma físico. Essa foi uma experiência angustiante.

Friday, August 04, 2006

... de mão estendida.

Com uma vida que deveria ser cheia de sim e não, me deparo com um talvez que me faz repensar todos os planos e sonhos que tive e tenho. O talvez, todos sabem, é mais difícil do que as piores certezas. Mesmo nelas, estão definidos os caminhos ou abismos que teremos de enfrentar. A incerteza te faz parar e acompanhar do mesmo lugar o movimento do mundo.Sem realizar nada. Estou de mão estendida, esperando que algo me tire do lugar porque dentro de mim todos os movimentos se congelaram... talvez com o girar do mundo eu me aqueça, talvez com tua presença entrando por meus poros, trazendo-me um pouco de tua luz, eu possa despertar e pisar forte na roda que impulsiona o mundo e o pare... e prossiga no seu compasso com um caminhar leve ou com passos de uma dança feliz.

Thursday, August 03, 2006

...

"É velho o sol deste mundo;

velha, a solidão da palavra,

a solidão do objeto;

e o chão - o chão onde os pés caminham.

Donde o pássaro voa para a árvore."


Friday, July 28, 2006

Outra vez nos falamos



Outra vez nos falamos
E o silêncio entre as palavras disseram mais
Trouxeram sentimentos alheios
Aos que senti outrora
Renovou antigos votos
Que falam de lealdade
Que falam de amizade
Renovou antigos desejos
De felicidade e liberdade
Outra vez nos falamos
E o choro embargou nossa voz
Mas estranhamente ela saiu mais nítida
As lágrimas se converteram internamente,
Deixando os olhos avermelhados
E, no entanto, trouxeram alívio a alma
Outra vez nos falamos
E a verdade se pronunciou...
Isso bastou para que me visse feliz de novo



Thursday, July 27, 2006

No chão da sala

Do amor que se sabe
nada se diz
E se compraz
Com o triste sentir
que a porta da sala
Escura se fez
No canto, na sanca da sala
O som da tristeza de quarto
No chão, o acalante da voz
Reverbera no peito
Sem dor
Sem sujeito

Canção em volta do fogo

Se o amor então se cansou
Durma, que a Lua eu vigio
Se o céu te parece ruir em pedaços de vidro
Dançaremos em volta do fogo
Subiremos com a maré
E amanheceremos de novo
Se nosso olhar se perdeu
Em horizontes tão estranhos
Que o mundo insistir em girar como numa ciranda
Deixaremos as luzes acesas
E abriremos as portas da casa
Para termos então a certeza
Que toda noite será
Eterna como um sonho
Que insistimos em ter
Então durma, durma
Que o dia não demora a sangrar
Com o canto do primeiro galo
Então durma, durma
Que o dia não demora a sangrar
Quando o primeiro galo cantar
Deixaremos as luzes acesas
E abriremos as portas da casa
Para termos então a certeza
Que toda noite será
Eterna como um sonho
Que insistimos em ter
Então durma, durma
Que o dia não demora a sangrar
Com o canto do primeiro galo
Então durma, durma
Que o dia não demora a sangrar
Quando o primeiro galo cantar



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Wednesday, July 26, 2006

Di Cavalcanti




No instante exato do disparar da torradeira
Me dei conta do dia
Da noite
Do sonho de orgia

Nele estávamos nós
seminus e aflitos
em dar e receber amor

Ela precisava
Ele desejava
Eu... embriagada

Do nada, o branco
o espanto, o escuro
Me faltou lucidez

Me vinha em flash
Uma sensatez transformada
em gotas de licor amargo
em gotas de veneno doce

Monday, July 24, 2006

A mão e a luva


O amor é uma carta,
mais ou menos longa,
escrita em papel velino,
corte dourado,
muito cheiroso e catita;
carta de parabéns
quando se lê,
carta de pêsames
quando se acabou de ler.
Tu que chegaste ao fim,
põe a epístola no fundo da gaveta,
e não te lembres de ir ver
se ela tem um post-scriptum...

Wednesday, July 19, 2006


[Primeiro ano do nosso João]
Todo dia há um momento de encantamento...
e então, ficamos nós feito bobos,
olhando admirados com a sensação
de um amor crescente...
que parece não caber em nós.
Esse amor nos tranforma em gigantes
.


Monday, July 17, 2006

Eu pensei que tu virias me trazer um pouco de poesia
que daria ao meu riso um pouco mais de graça
ao meu sono uma música de paz orquestrada pela natureza
ao meu choro abraço quente,
mãos solidárias que enxugariam minhas lágrimas
pensei que tu virias me trazer um olhar de proteção
que irradiaria uma luz-guia
para uma caminhada tranqüila
onde de mãos dadas apreciaríamos a paisagem de uma nova história
eu pensei que tu virias... eu te esperei


A fragrância dissolvida no ar
trouxe às minhas narinas
um cheiro forte
era um lixo orgânico
que jogado a terra que sou eu
Daqui um tempo a fortalecerá
De onde nascerá uma flor
Uma rosa
rubra... de amor

"je est un autre"

"eu é um outro"

... minha felicidade se define de fora,

pela linguagem e, principalmente,

pela linguagem dos outros.

Reconhcê-lo pode ser desesperador,

mas quebra toda a arrogância na sua raiz.



Saturday, July 15, 2006




"Da chegada do amor"

Sempre quis um amor
que falasse
que soubesse o que sentisse.
Sempre quis uma amor que elaborasse
Que quando dormisse
ressonasse confiança
no sopro do sono
e trouxesse beijo
no clarão da amanhecice.
Sempre quis um amor
que coubesse no que me disse.
Sempre quis uma meninice
entre menino e senhor
uma cachorrice
onde tanto pudesse a sem-vergonhice
do macho
quanto a sabedoria do sabedor.
Sempre quis um amor cujo
BOM DIA!
morasse na eternidade de encadear os tempos:passado presente futuro
coisa da mesma embocadura
sabor da mesma golada.
Sempre quis um amor de goleadas
cuja rede complexado pano de fundo dos seres
não assustasse.
Sempre quis um amor
que não se incomodasse
quando a poesia da cama me levasse.
Sempre quis uma amor
que não se chateasse
diante das diferenças.
Agora, diante da encomenda
metade de mim rasga afoita
o embrulhoe a outra metade é o
futuro de saber o segredo
que enrola o laço,é observar
o desenho
do invólucro e compará-lo
com a calma da almao seu conteúdo.
Contudo
sempre quis um amor
que me coubesse futuro
e me alternasse em menina e adulto
que ora eu fosse o fácil, o sério
e ora um doce mistério
que ora eu fosse medo-asneira
e ora eu fosse brincadeira
ultra-sonografia do furor,
sempre quis um amor
que sem tensa-corrida-de ocorresse.
Sempre quis um amor
que acontecesse
sem esforço
sem medo da inspiração
por ele acabar.
Sempre quis um amor
de abafar,
(não o caso)
mas cuja demora de o caso
estivesse imensamente
nas nossas mãos.
Sem senãos.
Sempre quis um amor
com definição de quero
sem o lero-lero da falsa sedução.
Eu sempre disse não
à constituição dos séculos
que diz que o "garantido" amor
é a sua negação.
Sempre quis um amor
que gozasse
e que pouco antes
de chegar a esse céu
se anunciasse.
Sempre quis um amor
que vivesse a felicidade
sem reclamar dela ou disso.
Sempre quis um amor não omisso
e que suas estórias me contasse.
Ah, eu sempre quis uma amor que amasse.


Poesia extraída do livro "Euteamo e suas estréias", Editora Record - Rio de Janeiro, 1999,

Friday, July 14, 2006


Abro-me em poesia
Despindo todos os meus segredos
Tristezas e alegrias
Porta-bandeira de mim
Ela trará como estandarte
O grande amor que tenho

Dirá que minha alegria
É a paz dos que me querem bem
Que meu choro
Tem a ver com uma guerra,
uma ferida aberta, doída que logo cessa
que logo cicatriza

Essa poesia
Dirá que é morte
Dirá que é vida