Meu avô foi muitas coisas, mas a lembrança do seu tempo de oleiro é especial pra mim.
A beira do lugar onde ele amassava o barro, eu me vi por muitas vezes querendo ser igual a ele, querendo estar lá com a mão na massa – suja e feliz – porque era assim que esse trabalho lhe conferia dignidade.
Como era interessante a fôrma de fazer tijolos!
Minha produção era restrita, já que meu avô muito consciente da condição de criança (minha e da minha irmã) nos proibia de qualquer trabalho. Fazia com que aprendêssemos da melhor forma: brin-can-do!
Havia naquele grande terreno pequenas plantações de melancia, maxixe e não me lembro direito, mas acho que de quiabo também. Eram complementos das refeições de nossa casa.
Daquele barro, eu e minha irmã fizemos muitos utensílios para nossas ‘brincadeiras de casinha” – eram jarros, panelas, xícaras... os quais cuidadosamente nosso “Vovô Cebola” colocava para queimar em seu imponente forno.
Seu Ribamar Cebola assim meu avô era conhecido em nossa pequena cidade. Deram-lhe esse apelido pelo fato de ser alvo como uma cebola, assim ele dizia.
Ele acordava muito antes do amanhecer e seu trabalho era iniciado antes mesmo de tomar o café da manhã, que era preparado por minha avó algum tempo depois e levado até ele por um dos meus tios.
A olaria do meu avô era um lugar mágico pra mim... de lá saia os alicerces de muitos sonhos, sonhos nossos e de outras pessoas também. Imaginava em quantas casas estavam aquelas telhas e tijolos enquanto os via aos montes sob um grande galpão também construído pelo meu avô.
Eu e minha irmã fomos como barro daquela olaria porque aquele oleiro nos moldou de uma forma especial, moldou nossos corações com amor para que aprendêssemos não só a amar também, mas a necessidade da humildade para sermos grandes, da importância de estarmos unidos para que pudéssemos erguer grandes fortalezas que somos nós, que serão nossos filhos...
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment