Monday, August 13, 2007





Quando o segredo foi descoberto, ele me perguntou:
_ Quem te disse?
E essa foi a confirmação de uma dor aguda que imaginei que me mataria.
Mas ao contrário do que pensei, essa dor foi libertadora.
Naquele dia eu gritei meus medos, expulsei os possíveis demônios de dentro de mim e escolhi não me tornar amarga.
Esse veneno eu, definitivamente, não quero.
Aquela dor não seria capaz de apagar a minha capacidade de amar...

Nenhuma dor é.

Friday, August 03, 2007


LEMBRANÇAS DO MEU AVÔ

Meu avô foi muitas coisas, mas a lembrança do seu tempo de oleiro é especial pra mim.

A beira do lugar onde ele amassava o barro, eu me vi por muitas vezes querendo ser igual a ele, querendo estar lá com a mão na massa – suja e feliz – porque era assim que esse trabalho lhe conferia dignidade.

Como era interessante a fôrma de fazer tijolos!

Minha produção era restrita, já que meu avô muito consciente da condição de criança (minha e da minha irmã) nos proibia de qualquer trabalho. Fazia com que aprendêssemos da melhor forma: brin-can-do!

Havia naquele grande terreno pequenas plantações de melancia, maxixe e não me lembro direito, mas acho que de quiabo também. Eram complementos das refeições de nossa casa.

Daquele barro, eu e minha irmã fizemos muitos utensílios para nossas ‘brincadeiras de casinha” – eram jarros, panelas, xícaras... os quais cuidadosamente nosso “Vovô Cebola” colocava para queimar em seu imponente forno.

Seu Ribamar Cebola assim meu avô era conhecido em nossa pequena cidade. Deram-lhe esse apelido pelo fato de ser alvo como uma cebola, assim ele dizia.

Ele acordava muito antes do amanhecer e seu trabalho era iniciado antes mesmo de tomar o café da manhã, que era preparado por minha avó algum tempo depois e levado até ele por um dos meus tios.

A olaria do meu avô era um lugar mágico pra mim... de lá saia os alicerces de muitos sonhos, sonhos nossos e de outras pessoas também. Imaginava em quantas casas estavam aquelas telhas e tijolos enquanto os via aos montes sob um grande galpão também construído pelo meu avô.

Eu e minha irmã fomos como barro daquela olaria porque aquele oleiro nos moldou de uma forma especial, moldou nossos corações com amor para que aprendêssemos não só a amar também, mas a necessidade da humildade para sermos grandes, da importância de estarmos unidos para que pudéssemos erguer grandes fortalezas que somos nós, que serão nossos filhos...