Sou de Bequimão. Sabe como se chama quem nasce nesse lugar? BequimÃOense... esse ÃO corresponde a uma grandeza que não pode ser medida da gente de lá. Uma grandeza que não pode ser retratada em suas ruas porque são estreitas demais, nem em suas escolas porque são poucas. Quando nasci, lá não havia hospital, nasci na casa dos meus avós, não havia médicos, nasci pelas mãos de "Mamãe Vitória", a parteira da cidade, nasci de uma menina Maria, que nada sabia da vida, que nada sabia do amor.
Eu fui aquela que teve dose dupla de amor materno, talvez venha daí a sorte que tenho. Mamei nos peitos da menina Maria, mamei nos peitos de minha vó... ganhei daquele leite a candura e deste outro a vitalidade. Diz minha mãe que não foi por muito tempo, exatos 3 meses, depois eu enjoei.
E quando falo da grandeza da gente de lá, digo porque minha mãe muito menina e pobre descobriu tarde que havia um filho ali naquela barriga, não sabia quando eu nasceria, não havia enxoval. Após meu nascimento, todos se mobilizaram para me doar coisas, todos foram solidários àquela vida nova.
Eu pequena demais, juntavam a meu corpo trouxinhas de panos, o que tornava mais fácil me segurar no colo. Segundo contam, eu tinha a medida exata do antebraço do meu pai. Mas com passar do tempo me tornei um bebê rechonchudo daqueles que todos querem pegar no colo – e assim o era.
Meu nome foi escolhido por meu pai, ele o achava bonito... Lidiane.
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
3 comments:
um dia vamos passear de mãos dadas nas estreitas de Bequimão, nós e nossos pequenos.
e que lindo o que tu deixou lá..
te amo.
Que lúdica sua vida. Parece até conto de Gabriel.Linda-vc!
Post a Comment