Friday, September 29, 2006

ao som de Let It Be

No universo de nós dois
eu haveria de amá-lo
como naquela história
onde o corpo do outro
é descoberto
apenas pelo toque
De fato,
ainda que não pudesse ver,
eu saberia onde estariam
minhas roupas
para que minha saída
não fosse prolongada
para que eu te deixasse
como um instrumento musical
que acabara de ser tocado
que apesar da ausência das mãos
ainda prolonga o seu
som por algum tempo
nesse resquício de prazer
consistiria a nossa saudade
sempre me restaria a vontade
de vê-lo dormir
de transformar o calor
do meu e do seu corpo
em uma única energia
...sempre me restaria vontade

Tuesday, September 19, 2006

Tempos distantes

Sou de Bequimão. Sabe como se chama quem nasce nesse lugar? BequimÃOense... esse ÃO corresponde a uma grandeza que não pode ser medida da gente de lá. Uma grandeza que não pode ser retratada em suas ruas porque são estreitas demais, nem em suas escolas porque são poucas. Quando nasci, lá não havia hospital, nasci na casa dos meus avós, não havia médicos, nasci pelas mãos de "Mamãe Vitória", a parteira da cidade, nasci de uma menina Maria, que nada sabia da vida, que nada sabia do amor.
Eu fui aquela que teve dose dupla de amor materno, talvez venha daí a sorte que tenho. Mamei nos peitos da menina Maria, mamei nos peitos de minha vó... ganhei daquele leite a candura e deste outro a vitalidade. Diz minha mãe que não foi por muito tempo, exatos 3 meses, depois eu enjoei.
E quando falo da grandeza da gente de lá, digo porque minha mãe muito menina e pobre descobriu tarde que havia um filho ali naquela barriga, não sabia quando eu nasceria, não havia enxoval. Após meu nascimento, todos se mobilizaram para me doar coisas, todos foram solidários àquela vida nova.
Eu pequena demais, juntavam a meu corpo trouxinhas de panos, o que tornava mais fácil me segurar no colo. Segundo contam, eu tinha a medida exata do antebraço do meu pai. Mas com passar do tempo me tornei um bebê rechonchudo daqueles que todos querem pegar no colo – e assim o era.
Meu nome foi escolhido por meu pai, ele o achava bonito... Lidiane.

Eu tinha um sonho, vou te contar...

Hoje de madrugada lembrei-me de um sonho que tinha com muita freqüência quando criança.
Em meio a minha rua, na cidade onde nasci aparecia uma escada, fincada no chão não ficava apoiada em nada... eu podia ver seu início, mas não podia ver seu final. Ela ultrapassava o céu. Parecia um quadro de René Magritte. Eu subia, tinha um sentimento de curiosidade, mas eu a subia brincando e, às vezes, chegando em determinado degrau, eu pulava. O mais engraçado é que esses pulos sempre me faziam sorrir e não tinha um degrau determinado pra pular... podia ser perto do chão ou quase no céu.

Sunday, September 17, 2006


"Quero viver de modo a trabalhar com as mãos e o cérebro. Quero um jardim, uma pequena casa, grama, animais, livros, quadros música. E a partir disso tudo, para exprimi-lo, quero escrever.
Mas uma vida quente, ávida, viva ¿ enraizada na vida - para aprender, desejar, saber, sentir, pensar, agir. É o que desejo. Nada menos. É o que tenho de tentar."

K.Mansfield
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"Eu sei
muito pouco,
mas tenho

ao meu favor
tudo o que

não sei."
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Wednesday, September 13, 2006



Quem foi Lidiane?
Quem foram as muitas
Lidianes na História?
Quem é e quem será
essa Lidiane aí?
...
Um dia Lidiano
é um dia cheio
de contemplações!

Wednesday, September 06, 2006

a sombra de uma árvore


Embaixo de uma antiga árvore
De grande copa verde
Encostei meus pensamentos
Em busca de tranqüilidade
Em busca de calmos ventos
Embaixo da sombra dela
Um escuro com retalhos de luz
Cobria meu corpo
Deitada nas folhas secas
Abri os olhos e contemplei o céu azul
Por essas frestas agora distantes
Esse azul me trouxe um desejo
E sem pensar subi, subi sem parar
Lá na ponta apreciei o vento
Me senti balançar
Querendo esse azul alcançar
Sem medo de cair
Sem medo de voltar
De presente
Um riso a mim
o vento carregava
Ao tocar meu rosto
Sem pressa se espalhava
Por meus olhos, lábios, cabelos...
E minha alma inspirava