Friday, July 28, 2006

Outra vez nos falamos



Outra vez nos falamos
E o silêncio entre as palavras disseram mais
Trouxeram sentimentos alheios
Aos que senti outrora
Renovou antigos votos
Que falam de lealdade
Que falam de amizade
Renovou antigos desejos
De felicidade e liberdade
Outra vez nos falamos
E o choro embargou nossa voz
Mas estranhamente ela saiu mais nítida
As lágrimas se converteram internamente,
Deixando os olhos avermelhados
E, no entanto, trouxeram alívio a alma
Outra vez nos falamos
E a verdade se pronunciou...
Isso bastou para que me visse feliz de novo



Thursday, July 27, 2006

No chão da sala

Do amor que se sabe
nada se diz
E se compraz
Com o triste sentir
que a porta da sala
Escura se fez
No canto, na sanca da sala
O som da tristeza de quarto
No chão, o acalante da voz
Reverbera no peito
Sem dor
Sem sujeito

Canção em volta do fogo

Se o amor então se cansou
Durma, que a Lua eu vigio
Se o céu te parece ruir em pedaços de vidro
Dançaremos em volta do fogo
Subiremos com a maré
E amanheceremos de novo
Se nosso olhar se perdeu
Em horizontes tão estranhos
Que o mundo insistir em girar como numa ciranda
Deixaremos as luzes acesas
E abriremos as portas da casa
Para termos então a certeza
Que toda noite será
Eterna como um sonho
Que insistimos em ter
Então durma, durma
Que o dia não demora a sangrar
Com o canto do primeiro galo
Então durma, durma
Que o dia não demora a sangrar
Quando o primeiro galo cantar
Deixaremos as luzes acesas
E abriremos as portas da casa
Para termos então a certeza
Que toda noite será
Eterna como um sonho
Que insistimos em ter
Então durma, durma
Que o dia não demora a sangrar
Com o canto do primeiro galo
Então durma, durma
Que o dia não demora a sangrar
Quando o primeiro galo cantar



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Wednesday, July 26, 2006

Di Cavalcanti




No instante exato do disparar da torradeira
Me dei conta do dia
Da noite
Do sonho de orgia

Nele estávamos nós
seminus e aflitos
em dar e receber amor

Ela precisava
Ele desejava
Eu... embriagada

Do nada, o branco
o espanto, o escuro
Me faltou lucidez

Me vinha em flash
Uma sensatez transformada
em gotas de licor amargo
em gotas de veneno doce

Monday, July 24, 2006

A mão e a luva


O amor é uma carta,
mais ou menos longa,
escrita em papel velino,
corte dourado,
muito cheiroso e catita;
carta de parabéns
quando se lê,
carta de pêsames
quando se acabou de ler.
Tu que chegaste ao fim,
põe a epístola no fundo da gaveta,
e não te lembres de ir ver
se ela tem um post-scriptum...

Wednesday, July 19, 2006


[Primeiro ano do nosso João]
Todo dia há um momento de encantamento...
e então, ficamos nós feito bobos,
olhando admirados com a sensação
de um amor crescente...
que parece não caber em nós.
Esse amor nos tranforma em gigantes
.


Monday, July 17, 2006

Eu pensei que tu virias me trazer um pouco de poesia
que daria ao meu riso um pouco mais de graça
ao meu sono uma música de paz orquestrada pela natureza
ao meu choro abraço quente,
mãos solidárias que enxugariam minhas lágrimas
pensei que tu virias me trazer um olhar de proteção
que irradiaria uma luz-guia
para uma caminhada tranqüila
onde de mãos dadas apreciaríamos a paisagem de uma nova história
eu pensei que tu virias... eu te esperei


A fragrância dissolvida no ar
trouxe às minhas narinas
um cheiro forte
era um lixo orgânico
que jogado a terra que sou eu
Daqui um tempo a fortalecerá
De onde nascerá uma flor
Uma rosa
rubra... de amor

"je est un autre"

"eu é um outro"

... minha felicidade se define de fora,

pela linguagem e, principalmente,

pela linguagem dos outros.

Reconhcê-lo pode ser desesperador,

mas quebra toda a arrogância na sua raiz.



Saturday, July 15, 2006




"Da chegada do amor"

Sempre quis um amor
que falasse
que soubesse o que sentisse.
Sempre quis uma amor que elaborasse
Que quando dormisse
ressonasse confiança
no sopro do sono
e trouxesse beijo
no clarão da amanhecice.
Sempre quis um amor
que coubesse no que me disse.
Sempre quis uma meninice
entre menino e senhor
uma cachorrice
onde tanto pudesse a sem-vergonhice
do macho
quanto a sabedoria do sabedor.
Sempre quis um amor cujo
BOM DIA!
morasse na eternidade de encadear os tempos:passado presente futuro
coisa da mesma embocadura
sabor da mesma golada.
Sempre quis um amor de goleadas
cuja rede complexado pano de fundo dos seres
não assustasse.
Sempre quis um amor
que não se incomodasse
quando a poesia da cama me levasse.
Sempre quis uma amor
que não se chateasse
diante das diferenças.
Agora, diante da encomenda
metade de mim rasga afoita
o embrulhoe a outra metade é o
futuro de saber o segredo
que enrola o laço,é observar
o desenho
do invólucro e compará-lo
com a calma da almao seu conteúdo.
Contudo
sempre quis um amor
que me coubesse futuro
e me alternasse em menina e adulto
que ora eu fosse o fácil, o sério
e ora um doce mistério
que ora eu fosse medo-asneira
e ora eu fosse brincadeira
ultra-sonografia do furor,
sempre quis um amor
que sem tensa-corrida-de ocorresse.
Sempre quis um amor
que acontecesse
sem esforço
sem medo da inspiração
por ele acabar.
Sempre quis um amor
de abafar,
(não o caso)
mas cuja demora de o caso
estivesse imensamente
nas nossas mãos.
Sem senãos.
Sempre quis um amor
com definição de quero
sem o lero-lero da falsa sedução.
Eu sempre disse não
à constituição dos séculos
que diz que o "garantido" amor
é a sua negação.
Sempre quis um amor
que gozasse
e que pouco antes
de chegar a esse céu
se anunciasse.
Sempre quis um amor
que vivesse a felicidade
sem reclamar dela ou disso.
Sempre quis um amor não omisso
e que suas estórias me contasse.
Ah, eu sempre quis uma amor que amasse.


Poesia extraída do livro "Euteamo e suas estréias", Editora Record - Rio de Janeiro, 1999,

Friday, July 14, 2006


Abro-me em poesia
Despindo todos os meus segredos
Tristezas e alegrias
Porta-bandeira de mim
Ela trará como estandarte
O grande amor que tenho

Dirá que minha alegria
É a paz dos que me querem bem
Que meu choro
Tem a ver com uma guerra,
uma ferida aberta, doída que logo cessa
que logo cicatriza

Essa poesia
Dirá que é morte
Dirá que é vida